CICLO DE ENCONTROS DISCUTE A PRESENÇA NEGRA NA ARTE CONTEMPORÂNEA

 

Por André Almeida

 Dialogos ausentes busca uma explicação para a não inclusão negra na arte contemporânea 

   dialogoausente Neste último dia 3 de maio aconteceu a segunda série desse primeiro ciclo de encontros chamado “Diálogos Ausentes“, com o título “O Negro nas Artes Visuais”. No mês passado, quem abriu esse ciclo de debates foi a artista plástica Rosana Paulina, que traçou um panorama da arte feita por mãos negras.

    O evento acontece mensalmente em um dos teatros do Itaú Cultural, na Avenida Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo. O espaço recebeu aproximadamente 74 pessoas: um público misto e bem politizado. Após o término de cada apresentação, o artistas respondia as perguntas do publico presente.

    Participaram do “Diálogos Ausentes” dois artistas principais e mais três em chamada aberta. Dois merecem um destaque, não só por suas obras, mas pelo tema expresso em sua arte. A proposta é a abrangência do artista, que ao expor sua obra; dissolve suas ideias e visão em sua própria arte.

Novos Contemporâneos 

Dalton01    Dalton Paul é um desses artistas que participaram do debate expondo algumas de suas obras; o artista trabalha com o “corpo negro” em relação ao outro e toda a sua complexidade da produção. No contraponto de uma de suas obras, ele usa a cor branca. Dalton afirma que o “branco está na roupa, na religião e no jaleco do médico”. Em todos os momentos, tem a ver com a pele escura e sofrida do negro. Por exemplo, no cotidiano dos “Engenhos de açúcar“, onde o escravo era explorado e prisioneiro do senhor de engenho. As poucas horas de folga, cantavam hinos religiosos, com capatazes sempre atentos. Dalton se inclina para essas questões. Logo após a sua exposição, foi aberto ao publico fazer suas perguntas: feita diretamente ao artista.

img_0353    Já a gaúcha  Miriane Figueira em sua apresentação, traz o tema: Desapropria-me. Miriane é uma artista completa. Em seu blog, possui um acervo de magníficas fotos em ensaios incríveis; dignos de uma fotógrafa experiente e respeitada.

    Através do trabalho “Desapropria-me”, que consiste em 6 obras em tecido, fotografia e costura, criadas a partir da obra piloto. Tem como eixo central, a pesquisa e reflexão crítica/poéticas e imagens do período de escravidão. Procurando unir “corpo e fotografia”, em sua palestra, ela apresenta com muita clareza a questão do outro e como é a sua representatividade nos tempos atuais.  A artista traz a “construção de uma nova identidade”. Esse projeto foi contemplado com o Edital Bolsa Funarte de Fomento aos Artistas e Produtores Negros de 2014. 

    Apesar da experiência particular de cada um, todos esses artistas trazem para o mundo real de hoje um outro olhar, deixando  claro suas opiniões na questão da “negritude”.

A vida do artista e a reconstrução de uma nova identidade

dialogoausenteCuradora    Diane Lima de 29 anos, pesquisadora e também curadora do “Diálogos Ausentes” que, a convite do Itaú Cultural, foi chamada para mediar os encontros entre os artistas e o público. Muito a par dessas questões, ela incrementa ainda mais essa discussão. O objetivo dos encontros e discutir a presenças produção negra, na arte contemporânea. O encontro é uma forma de potencializar essa ideia. Portanto nesse encontro, pense como criar e  aumentar esse espaço, aproveitando esse momento de “ebulição dessa produção. Então é de fato pensarmos; como somos presença nesses Diálogos Ausentes”, diz Diane em entrevista do nosso repórter. A maioria das obras apresentadas, tangenciam e tocam problemas como: racismo estruturais na sociedade brasileira.

    Essa deficiência da nossa sociedade já levou ao genocídio de jovens negros. O discurso também é sobre construção de narrativas, violência simbólica e de como criar ferramenta de aprendizado coletivo para como saber lidar com essa produção cultural Afro-Brasileira. Segundo Diane, todos esses trabalhos permeiam esses assuntos falando da “violência da mulher negra”. A arte é um veiculo e o local de agenciamento, para que essa consciência coletiva possa vir. Sobretudo em um momento como esse, a arte se faz ainda mais potente e suas práticas artísticas tornam as coisas ainda mais possíveis o contato com a vida inseridos no dia a dia dessa cidade tão agitada.

    “Todos os trabalho aqui presentes, eles tocam isso e, inspiram uns aos outros. Para quem venho conhecer e se aprofundar tem o exemplo desses artistas”,  comenta a pesquisadora. Essa possibilidade de ser um corpo negro, enunciador e protagonista desta historia.

dialogoausenteThiago.JPG    Para Thiago dos Santos, 27 anos, Gestor de Políticas Públicas vê uma grande  importância de se reunir nesses espaços para encontrar suas identidades que foram perdidas ao longo desses anos. “Toda sociedade brasileira tem uma divida muito grande, com essa questão da negritude, com a questão dos afros-descendentes das nossas identidades e valores”, diz Thiago.

    Esses espaços legitimam a luta contra o racismo e suas vertentes. Esse local expõe e mostra que o preconceito é algo inaceitável, sobretudo se queremos buscar uma evolução social. Muito ainda pode ser feito, se houver uma assimilação das pessoas. Para quem quiser saber mais informação, acesse o site http://www.itaucultural.com.br e garanta sua cadeira para conhecer mais sobre esse tema.

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5 comentários sobre “CICLO DE ENCONTROS DISCUTE A PRESENÇA NEGRA NA ARTE CONTEMPORÂNEA

  1. Bom dia.
    Obrigada pelo envio da matéria, posso fazer algumas observações?
    Meu nome é Miriane figueira, sou gaucha (não mineira) e a fotografia que utilizaram é de uma artista visual chamada negahamburger, não é minha!
    Obrigada
    Abraços

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